Faço da caneta o pincel, do pincel a caneta
Faço do papel a tela, da tela o papel
Faço das palavras as tintas, das tintas as palavras
A tela no seu vazio nada exprime se não o nada
As tintas nas suas cores nada refletem se não seus tons
O pincel na sua rusticidade nada imprime se não sua uniformidade
No oceano de cores mergulho o pincel
A tela em branco aguarda ansiosa a espera do frescor das tintas
Tintas, pincel e tela se fundem para concederem sentido
Suavemente se encontram se desejando uns aos outros
Pois juntos testemunham e realizam a inspiração, a criação
Sintonizados expressam, refletem, imprimem o sopro do Descriador
A cada palavra que singelamente reflito
Na ponta da caneta se encontra alvoroçada, desejosa,
Para intensamente e delicadamente surfar no nada
Do papel que dispõe do seu vazio e que tudo possibilita
Imprimindo as palavras que a caneta quer (des) significar
Branco, já não é só branco
Cores, já não são só cores
O uniforme, já não é só uniforme
O pincel, as tintas e as telas oferecem forma, beleza e significado
Palavra por tinta ou tinta por palavra, pinto
Expresso as certezas e incertezas
O sublime e o feio
Dou vida aos olhos, aos cabelos, ao encanto,
À boca, à forma, à doçura,
À mulher que misteriosamente aflige e apazigua minha existência
Quantas tintas e palavras, pinceis e canetas, telas e papeis ainda serão necessários... Ieda! (*)
____________________________________
(*) Este poema foi apresentado e classificado entre os 10 melhores - categoria adulto - do VI CIRANDA DE POESIAS DE LONDRINA DE 2009. Os poemas classificados e aprersentados são publicados com apoio da Universidade Estadual de Londrina.